20100727

Num mundo preto e branco, o meu coração não tem cor.

E aqui estamos. Tu e eu, eu e tu. Ela e ele, ele e ela. Duas almas perdidas a quem as crianças apontam e as suas mães rapidamente explicam que são um exemplo. Um exemplo do que o amor não deve fazer, um exemplo do que nunca se devem tornar.
Nós os dois, corações partidos pelo flagelo que é o amor. Amor este que agora é apenas um fantasma nos nossos corações.
Os dois, de olhos negros por causa das lágrimas que derramámos. Entrelaçados, as nossas lágrimas unem-se, confluindo num só rio.
Aqueles dois, fantasmas do que já foram. Juntos, porque a tristeza os uniu num estranho amor, livre de si mesmo mas necessário para a sua sobrevivência.
E, à medida que te aproximas da porta, o meu coração quer gritar «Fica!» de tal maneira que a voz mal consegue acompanhar. « És a razão porque sobrevivo. Sabes disso. Não abandones o meu coração partido e prometo tentar arranjar o teu também. Sei que tentas actuar como um rochedo para aqueles que amas mas deixa-te levar. Deixa-te confluir neste rio que é meu e deixa o tornar-se o símbolo da nossa existência. Lágrimas negras, não quero saber. Faremos a nossa celebração da tristeza. Não esqueceremos o nosso passado e festejaremos o facto de sermos duas almas negras juntas à espera da ultima viagem onde ganharão as suas asas.»

1 commentaire:

  1. helena :)
    sabes... tenho a impressão surreal que já te leio há muito tempo, apesar de ter-me reencontrado com as tuas palavras há umas semanas. estou sempre a ter um déja vu quando passo por aqui; não é que tenha lido o mesmo noutro sítio, mas é como se antevisse as palavras... esqueçamos este salamaleque meu para nos focarmos no essencial, e é o seguinte: tu escreves muito bem. e eu, que sou céptica até dizer chega, que não acredito em tudo o que não está provado, percebo a razão de termos sido as melhores amigas numa fase tão embrionária da nossa personalidade, quando te leio. quando te descreves como "uma adolescente bizarra", adjectivo que não podia ser mais perfeito para falar de mim.

    invade-me também uma enorme vaga de contentamento quando percebo que a minha primeira melhor amiga utiliza hoje, o talento que sempre teve. e eu sempre soube. (:

    beijinhos.

    p.s: temos de falar off the record - ou neste caso, the blog. :D

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